Muitas vezes (quase sempre) queremos um mundo ideal... Devemos estar no planeta errado porque a verdade é que vivemos na dualidade: dia e noite, quente e frio, doce e amargo, nascimento e morte. Ou seja: eu só sei o que é felicidade e bem-estar porque também sei o que não é.
Em trinta e tal crónicas esta é a segunda em que falo de felicidade. Com certeza é algo que me preocupa...
Procuramos incessantemente este estado, tal é a "ambição" de ser feliz. A receita é simples: basta casar, ter filhos, ter um bom emprego, ter uma boa figura e viajar (além de fazer esse registo nas redes sociais). Não há lugar, nem espaço à infelicidade. Sermos "obrigados" ao bem-estar deixa-nos culpados quando não nos corre tudo bem na vida...
Procuramos constantemente estados eufóricos: os bens materiais produzem uma felicidade momentânea, episódica e entramos num processo quase obsessivo de imaginar que o consumismo é que nos deixa feliz. E, como não consumismo tanto, caímos numa ansiedade constante. Penso que esta "ordem" de tenho que viver melhor, acaba por negar sentimentos importantes como a "angústia" e a "tristeza". A verdade é que a nossa tristeza é pouco aceitável. É como sentirmo-nos tristes seja o mesmo que não sentirmos... e, mais uma vez, as redes sociais pioram isso. Lá, todos mostramos ao mundo que estamos bem, que somos felizes e que nada nos afeta.
Parece que felicidade é uma imposição social. Assim, as pessoas sentem uma culpa por não estarem completamente felizes e geram outra culpa quando não alcançam tal padrão, ficando doentes e ansiosas.
Tipificando: "eu achava que era feliz até ver o instagram da Teresa"...
E assim vivemos infelizes na felicidade.
Verdade! É por isso que é bom termos amigos (sem ser no FB ou cumulativamente)! Divertimo-nos muito mas, quando é preciso, também choramos, esperneamos, gritamos. LVY
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