sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

MÃES


Ontem, em conversa com uma amiga,  ela saiu-se com esta frase: "exacerbamos o momento do parto e romantizamos a maternidade"... senti a frase tão adequada. Na verdade andamos ali a temer, a imaginar, a projetar, o momento do parto sendo o parto o verdadeiro momento da vida e que dura pouco tempo, para depois passarmos a vida no romance da maternidade. E a maternidade nem sempre é um romance. Ser mãe (com M maiúsculo) é das coisas mais difíceis da vida...e nós vamos contando os momentos bons deste romance que dura uma vida e raramente partilhamos os vários momentos maus que tem este romance com os nossos filhos. Quem realmente fala do drama da maternidade e não põe paninhos quentes na conversa é a AMÃEZÓNIA, que convido os interessados a darem uma espreitadela. https://amaezonia.com/.
Mas sobre o tema não consigo deixar de pensar na gravidez do meu segundo filho. Foi uma gravidez planeada, eu já com 41 anos,  e não é que a minha cunhada também estava grávida? Foi a cereja no topo do bolo partilharmos as experiências corporais , por assim dizer.  A minha gravidez foi de vómito, a da minha cunhada foi tranquila até aos 5 meses. A minha teria que passar por uma amniocentese, a da Analu não... Mas a verdade é que no meio de tanta agonia, de tanto vómito, a partir da ecografia morfológica tudo foi mais tranquilo para o meu lado e começou a ser menos para o da minha cunhada que acabou, também, por ter de fazer uma amniocentese sem estar à espera. Como eu já a tinha feito meses antes,  tranquilizei-a, assim como ela me tranquilizou quando a minha sobrinha nasceu forte  e saudável. E lá dei à luz o meu rapaz um mês e meio a seguir. Depois, é que foram elas: dois tormentos nas nossas vidas. Ai que miúdos tão difíceis de lidar: chorões, só estavam bem ao colo, não dormiam... deram cabo de nós. Ainda há bocado lhe dizia isso e a Analu respondeu : "deixa lá, agora são ótimos miúdos".
Lembro-me que andávamos fartas de dar de mamar (desculpem-me todas as que acham que dar de mamar é lindo) e, ao quarto mês de cansaço, de olheiras, de várias experiências ficou decidido: tirávamos todas as semanas uma mamada. E, num mês, os miúdos passaram-se a agarrar aos biberons e libertámo-nos da mama  passando  o acto para quem se oferecesse.
O dormir e o chorar por tudo e por nada foi mais difícil de gerir: a minha sobrinha chorava até se calar mas ao meu filho eu pegava ao colo. E estou arrependida pois mais rapidamente a Luisinha parou o choro, do que ele.
Depois vieram as papas e as sopas: o meu sucesso era muito pouco. Os meus dotes culinários, que são zero, foram sentidos pelo meu filho que cuspia a sopa como a engolia. A minha sobrinha só não gostava de experimentar e negava tudo, só obrigada a comia.
Um verdadeiro romance este primeiro ano de vida, mas que nos apoiamos nas desventuras uma da outra. E foram crescendo, têm feitios diferentes mas acho que mostram grande personalidade... temos o enorme desejo que continuem a ser grandes amigos pela vida fora.
Adoro-vos !

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