sábado, 23 de setembro de 2017

QUINTA MOURA

Chegamos!
- Olhem, o portão está pintado de novo - reparou o meu filho.
O carro passou pela gravilha da entrada e estacionou mesmo em frente à figueira. Figos pingo de mel  ( uma delicia ).
Ainda estávamos a abrir a porta já a Xana e o Carlos nos rodeavam o carro com sorrisos carregados de "boas vindas".
Abraços e beijos e matar saudades.
Respirei fundo e o cheiro da relva cortada acordou todos os meus sentidos. Olhei em volta: a piscina, as espreguiçadeiras, o espaço para ler e ouvir musica.
- Vamos, vamos - chamou a Xana.
Já nem entramos pela porta da frente. Nas traseiras,  uma mesa quadrada rodeada de tules para proteger das melgas de algumas noites ´mais quentes, esperava-nos.
Uma tábua de queijos, uma tábua de enchidos e de figos, vinhos do Douro e do Alentejo. E, nesta mesa tudo começa. A risada, as novidades, a boa disposição. A Xana trouxe lá de dentro uma parafernália de acepipes: favas com coentros, ovos com farinheira, quiche de espargos, húmus, lombo assado, cogumelos à brás...
A seguir ao almoço, que dura o tempo do nosso prazer,  eu retiro-me para as espreguiçadeiras da piscina carregada de revistas que a Xana se encarrega de me dar. O prazer daquela paz, daquele canto abençoado é inexplicável. A Xana aparece para dois dedos de conversa e o Carlos pergunta: "querem que ligue a música?"
Os burros ouvem-se ao longe e os cães da vizinhança parecem zangados. Mas é tudo: eu e a Natureza.
Os miúdos desaparecem para a sala de jogos.
....
E a QUINTA MOURA é isto e muito mais.
Sabem que tem 5 quartos com casa de banho, várias áreas de lazer e é perdido na Branca ( perto de Coruche)? A Xana e o Carlos alugam esta quinta. Espreitem no Instagram ou no Facebook e vão lá passar uns dias. De certeza que vão querer voltar.
 
 
 
 

domingo, 10 de setembro de 2017

TO ALL THE WOMEN

Faz de conta que hoje é dia 8. Não quero que o dia se repita só quero poder ir aquele blogue amigo e deixar este texto, no dia combinado.
Cumprir. 
Por isso faz de conta. 
E faz de conta também que tenho alguma coisa nova para dizer... (perdoem-me). 
Por aí vou lendo textos sobre educação, sobre formas mais acertadas e modernas de parentalidade, sobre instrução, sobre o papel das escolas, sobre o efeito de algumas negligências educativas, danos colaterais de tudo isto, etc.
Uns textos têm humor, outros são narcisistas, e há-os também sem esperança. Enfim... chamam-lhe rentrée e eu chamo-lhe falta de assunto. 
E por isso regresso a Hannah Arendt e com ela ao que me importa agora: o mal, a aceitação e o silêncio perante o mal.  É por aqui que o mundo anda, não é?
Leio-a com tanta intensidade que dou comigo a pensar que isso não é ingénuo, acontece porque talvez o que mais valorize na vida depois do AMOR, é o pensamento de algumas pessoas. As suas lógicas, abordagens, critérios, manifestações e expressões verbais. E depois, todo o movimento que isso provoca. Me provoca. Me movimenta e me desconstrói... Fico-lhes lá, deles. Dela, neste caso.
Admiro mulheres inteligentes, fortes, inteiras, humanas, com capacidade para amar, para mudar. Admiro por isso as minhas mulheres. Sim, falo das minha amigas. E já não aguento o medo que se tem de algumas palavras. "Por please", como diz uma amiga minha.
Ora, não é a amizade também uma forma de amor, mas sem carne.. sem sexo? 
Porque amar com tudo, com  o pacote completo: amo o meu namorado. 
Mas, o assunto aqui é outro. É sobre o poder no feminino. Não é o mesmo que ser feminista. "Por please," novamente. Eu gosto tanto de ser mulher que nunca poderia ser feminista, contudo jamais poderei negar a sua importância e contributo nas necessárias conquistas sociais que hoje quase temos. 
 E depois há o poder. O nosso poder. A quem o entregamos e quando e como o resgatamos? É isto. O poder sobre nós oferecido a alguém é talvez o mais complexo presente da atualidade. É que isso pode ser efémero. E mesmo em tempos de mudança como estes, isso manter-se-á eternamente efémero.