sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

ÓSCARES




O meu pai fazia cinema amador. Toda a vida convivi com máquinas de filmar e com a paixão de termos a nossa vida em filmes. Lembro-me tão bem de ele  ter feito um filme comigo, tinha eu 2 anos, que se chama "Nini e a Primavera". O meu pai  orgulhava-se  e mostrava aos amigos o prémio que aquela curtíssima metragem tinha arrecadado. E eu lá estou, como protagonista do filme do prémio. Que saudades de tudo isso!
Quando começam as nomeações para os Óscares ando numa correria  a tentar ver todos os filmes nomeados. É que no dia da cerimónia anseio por dar a minha opinião e dizer "era este que escolhia" ou "nem acredito!" e ficar muito desiludida.
É claro que a minha opinião vale o que vale mas, este ano, se fosse membro da academia teria mesmo muita dificuldade em escolher.
La la Land: estava à espera de ver um Mama mia. Nem de perto nem de longe. Lá vale a música, o guarda roupa e...mais nada.
O silêncio, infelizmente nem está nomeado para melhor filme mas sim para melhor fotografia. Martin Scorsese no seu melhor, com um filme intenso e emocionalmente cativante. Factos históricos verdadeiros? Pois, há dúvidas mas vale a pena ver.
Foi com entusiasmo que fui ver Jackie. Apesar de achar que o assassinato do Kennedy já é um assunto esgotado, encontramos no filme uma Jackie insegura, desfeita de dor e que se confronta com o ser e não ser: hoje é a primeira dama com todo o conforto que isso acarreta para no dia seguinte  não ser nada, perdendo estatuto e mordomias. Uma Natalie Portman com uma atitude um pouco exagerada, vê-se que está a representar e a esforçar-se para ser parecida com a original  mas, é isso mesmo: vê-se. E numa boa atriz deve fluir.
A melhor atriz, quanto a mim, deverá ser Meryl Streep no Florence. Esta mulher continua a surpreender. O filme é bom e ela faz um papel fantástico: parabéns!
O Manchester by the sea foi uma surpresa... um filme monocórdico, com uma história banal e com um Casey Affleck brutal. O homem não deixa transparecer um único sentimento, uma única emoção: sempre a "mesma cara" perante mil adversidades. Parabéns!
O filme Lion, baseado numa história verdadeira é daqueles que nos faz chorar. A primeira parte toda passada numa Índia paupérrima, carregada de miséria.  A emoção de uma criança perdida e depois os traumas recalcados num jovem de 25 anos consequência de uma  infância terrível estão bem retratados. É um filme de "domingo à tarde" em que curiosamente a Nicole Kidman está nomeada para melhor atriz secundária,   aparecendo ao todo 15 minutos no écran ( um exagero esta nomeação, penso).
Moonlight um filme que me custou a gostar mas é intenso, diferente, faz-nos pensar no underground americano.
Dava o Óscar de melhor filme (apesar da dificuldade) a Hidden Figures (Elementos Secretos). Passa-se nos anos 60 onde ainda a descriminação sexual e racial estava muito presente e narra como três mulheres, cognitivamente brilhantes (mas negras), se impõem na NASA. Há uma frase que retive:      " Nunca aqui  houve gente de cor, não me envergonhem"... vale a pena.
Destaco Passageiros, um filme que gostei muito: fui ao engano, achei que era ficção científica, mas só o é por ser passado numa nave. É sobre solidão, e a  verdade é que o homem é um ser social que dificilmente é feliz só. Também o filme Aliados mereceu a minha atenção pelo desempenho de Marion Cotillard (contracena com Brad Pitt) e a quem "tiro o chapéu" pela intensidade de sentimentos e emoções que nos transmite.
Ainda me falta  ver mais filmes...
Ansiando a noite dos Óscares.

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