terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

CARNAVAL

 
Desde pequenos que eu e o meu irmão nos habituamos a mascarar. A minha mãe gostava muito de comprar máscaras ou de as projetar para as levar à modista e fazer de nós os mais giros do Carnaval no colégio. Um dia fui de princesa. Princesa a sério (estamos a falar de há 50 anos atrás)! O meu vestido era de cetim em dois tons de rosa, com aqueles arcos de metal no saiote a fazer volume, uma tiara e uns sapatos vermelhos - os sapatos eram os menos adequados mas, com um fato assim, que importância tinham uns sapatos? Meu Deus, fui a mais querida e adorada desse Carnaval. Eram coleguinhas, amigas das colegas, amigas das amigas das colegas, a quererem tirar uma foto comigo. Que inchada fiquei.  Mas, mesmo que não fosse no colégio, seria num qualquer concurso de máscaras que os cinemas (Politeama e Monumental) organizavam onde ganhávamos prémios e os nossos pais orgulhosamente mostravam as nossas fotos aos amigos.
Os anos iam passando e as máscaras desapareceram. Começamos depois a mascarar os nossos filhos...Mas sempre fui uma pedante pois não me servia qualquer máscara. Alguma vez eu me mascarava sem ser a rigor? Nem aos meus filhos.
Dizem que muitos de nós nos mascaramos à imagem do que não somos (ou não conseguimos ser) nos outros dias do ano .
Se calhar esta ideia é muito rebuscada e com interpretações muito psicológicas, que nem saberia agora explicar. Lembro-me da minha comadre (madrinha da minha filha) se mascarar quase todos os anos de noiva. Perguntava-lhe porquê, pois o vestido já estava uma lástima...e ela respondia que era a sua fantasia preferida, era o desejo de algo que nunca conseguiu realizar. Outro amigo de há anos (que já faleceu), mascarava-se sempre de mulher e dizia que adorava ter nascido mulher. Na altura não o entendia... seria com certeza um transgénero.
Vou à minha festa de Carnaval.
Desejo a todos muita alegria.
 
 

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