segunda-feira, 20 de março de 2017

PAI

Apesar de estar com pouco tempo, dei uma vista de olhos pelo Instagram e pelo Facebook e não resisti a escrever esta crónica.
PAI! Por todo lado havia "pais". Pois, era o dia do Pai. Mas foi um exagero. Dei-me ao trabalho de "remexer" em três facebooks de pessoas que não gostam do pai. Parece forte este "não gostam" mas uma delas esteve de relações cortadas cerca de 20 anos com o progenitor, outra,  desde que os pais se divorciaram nem quer ouvir falar no nome do senhor e, outra ainda confessou-me, há anos, que nem sabe se aquele é o pai... Mas todas, (estas três),  fizeram questão de homenagearem o "melhor pai do mundo".
Não me compete a mim julgar, mas é de bom tom termos coerência nas nossas atitudes.
Por tudo isto, pela primeira vez, vou escrever publicamente sobre o meu pai. E não vai ser uma seca porque independentemente do conceito "o meu pai é o melhor do mundo", a relatividade desta frase, é um facto. "Melhor pai", porquê? O que nos define como "o melhor" ? Era um pai que estava acordado toda a noite quando tinhas febre? Era um pai que te ia buscar todos os dias à escola e que te ajudava nos TPC?  Era uma pessoa com quem contavas incondicionalmente para os desabafos da adolescência? Era um pai  que te ia buscar à discoteca? Era um pai que te levava de férias ? Era um pai que estava constantemente preocupado com o teu bem-estar?....ou era o pai por detrás da mãe que  fazia o que enumerei? Era um pai inteiro que te dava um ralhete quando precisavas e um elogio mesmo quando não precisavas? Ou era o pai tirano que não compreendia porque namoravas, que não entendia porque tinhas de sair à noite antes dos 18 anos ou que te ameaçava que se aparecesses grávida te punha na rua ? Para ser o melhor temos que saber o que não presta.
Estou irritada sim... Um bom pai não é o melhor pai do mundo. Não são sinónimos.
Hoje publico aqui, sem medos, para todos que o conheceram e que AINDA HOJE lhe rendem homenagem o que era o meu pai:
Era um visionário. Era um amigo, um companheiro, um confidente.
Não, não foi pai de me mudar fraldas mas dava-me de comer, ia-me buscar à escola, ensinava-me História e Físico-química. Deu-me um livro chamado "A estupidez humana".  Explicou-me a importância de sermos amados e de fazermos as escolhas certas. Ensinou-me o que era humildade e arrogância. "Perdeu" tempo comigo quando lhe chorava no colo os meus desamores. Levou-me a locais para perceber o que era certo ou errado. Ralhou-me quando tive a primeira negativa. Deu-me uma boneca quando não lha pedi. Mostrou-me a importância de sermos e termos uma família. Anotou no meu diário a importância dos afetos. Olhou com curiosidade para os meus amigos e tornou-se amigo deles. Confiou em quem eu confiava. Ria e tinha um sentido de humor fantástico.. Relevou os meus momentos maus. Amou a minha mãe (e mostrou- nos sempre). Levou-me a passear. Ensinou-me a conduzir. Viveu a vida como se não houvesse amanhã e deixou-me todo este legado. Cometeu um erro: deixou-nos muito cedo.
VIVA o meu PAI!

1 comentário:

  1. Sim,Sim,sim. O teu pai também ficou um bocadinho nosso.
    Viva o Teu Pai, mesmo.
    Quanto aos sentimentos invertidos desses outros digo-te que " Eles não sabem, nem sonham ..."

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