terça-feira, 11 de abril de 2017

UMA PORTA. DUAS PORTAS.

Este texto deveria ter sido publicado no dia 8 de abril. Foi o que prometi. A Maria escreve para mim, para vocês aqui, no dia 8.
Mas, problemas técnicos atrasaram esta publicação. Ainda vamos a tempo...
Boas leituras.
 
A vida deveria ter uma saída de emergência quando tudo se complica, disse-me. Seria mais fácil viver. E ainda acrescentou: ou estão comigo ou contra mim.
Sinto um vazio invadir-me. Como se eu vivesse num planeta diferente do daquele ser. Respirei fundo e deixei-o ir embora.
Fiquei a pensar nisto.
Lembrei-me de Ellie Wiesel e das nossas conversas.  Porque é que eu nunca ouvira algo semelhante de um sobrevivente do Holocausto? Depois, ainda recordei um ator palestino, encenador e ativista politico morto prematuramente.  Assassinado.
Juliano Mer-Khamis,  era o seu nome. Juliano pedia justiça. As suas palavras carregavam vida e futuro e esperança e alegria. Usou a arte para construir pontes e criar soluções. Juliano nunca tentou uma saída de emergência. Ou talvez a esperança em si mesma, tivesse essa representação material para ele.
 E Ellie Wiesel: sem sombra de dúvida que era isso mesmo. A esperança nestes Homens, mais do que  facilidade da vida, que não era perseguida por nenhum deles, representava o motivo das suas existências.  
 E aquela escola de ballet na palestina que ficou destruída nos bombardeamentos e passou a funcionar ao ar livre, entre os escombros e nos intervalos das bombas. E as meninas ali vestidas, a rigor, um rigor dentro do possível, porque nem todos os sonhos morrem quando morrem os homens...
Como seria possível aquele homem dizer aquilo? Que poucochinho tinha ele dentro de si. Que grande vazio humano, ele era. Que cansaço.
Sobre a facilidade da vida é preciso lembrar que não são tempos para isso. Estes são tempos de ação. pedem-nos consciência, amor, do verdadeiro claro, integridade, humanidade. Nada de narcisismos. Nada de eu, comigo e para mim... Esqueçam isso e façam-se maiores.
Ah, voltei atrás e respondi-lhe citando de memória o discurso de Nelson Mandela à equipa de rugby da África do Sul:
" Agradeço aos Deuses que possam existir a natureza indomável da minha alma.
   Sou o senhor do meu destino. O comandante da minha vida. "
e ainda lhe disse: se queres uma saída de emergência, faz-te arquiteto da esperança ou então vai à m####.
É isto. Foi isto que me inspirou, hoje.


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